Silêncio

Hoje pela manhã me vi fazendo confissões ao meu amigo... Ao meu melhor amigo...
Falávamos sobre o meu silêncio diante das coisas que tantas vezes sinto. Sempre fui mais de falar por textos que de me expressar verbalmente. Melhorei bastante isso em mim desde que fiz teatro, mas ainda continuo por muitas vezes presa no mundo de minhas palavras, de meus textos, de meus desabafos em papéis e nas teclas do teclado do computador, como agora.
Daí falei pra ele o quão geniosa sou, de meus desabafos descontados em objetos, de meus castigos quando criança por, quando estar com raiva, sair quebrando as bonecas e os outros brinquedos...
Ainda hoje sou assim, em momentos de muito nervosismo quebro alguma coisa, mas ainda tenho a sensatez de quebrar algo que não me dê grandes prejuízos. É mais pela vontade de descontar a raiva ou o estresse em alguma coisa, como se aquela coisa tivesse culpa do que me aconteceu.
Nunca fui de falar o que sinto se esse sentimento é ruim. Por mais que eu deixe transparecer tristeza, nervosismo, estresse, ou sei lá o que, não falo (por mais que o meu pai seja capaz de perceber em meus olhos o momento de maior alegria e também quando alguma coisa desandou, como fez ontem quando chegou do trabalho e viu tristeza em mim. Basta ele me olhar)... Guardo pra mim... Prefiro compartilhar só as alegrias com as pessoas, pois é isso que move nossa vida de verdade. Quem é que quer ter um amigo triste? Meus amigos precisam de uma Simone forte e corajosa. Eles não merecem a minha face triste... Não merecem ouvir o que julgo serem "problemas". Merecem ouvir boas histórias e me ver feliz...
Até porque se há tristeza, ela uma hora passa... Eu sei que passa...

"(...) Há uma continuidade que é a vida. Mas este silêncio não deixa provas. Não se pode falar do silêncio como se fala da neve. O silêncio é a profunda noite secreta do mundo. E não se pode falar do silêncio como se fala da neve: sentiu o silêncio dessas noites? Quem ouviu não diz. Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras.(...)"
Clarice Lispector

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